Penang, 10 de março de 1879 — Penang, 21 de janeiro de 1960) |
Wu Lien-teh (Chinês: 伍連德; pinyin: Wǔ Liándé; Penang, 10 de março de 1879 — Penang, 21 de janeiro de 1960), também conhecido como Goh Lean Tuck e Ng Leen Tuck em Min nan e transliteração cantonesa respectivamente, foi um médico malaio conhecido por seu trabalho em saúde pública e, particularmente, a praga da Manchúria de 1910–1911.
Em 1911, outra epidemia varreu a China. Naquela época, o mundo se uniu
Hoje, a OMS parece comprometida, o vírus ganhou contornos raciais, países estão furiosos uns com os outras e competem por recursos e controle da narrativa
Em 1911, uma epidemia mortal se espalhou pela China e ameaçou se tornar uma pandemia. A origem parecia ligada ao comércio de animais selvagens, mas na época ninguém tinha certeza.
Fechamentos, isolamentos, medidas de quarentena, uso de máscaras, restrições de viagem, cremação em massa de vítimas e controles de fronteira foram implantados para tentar reduzir a taxa de infecção. Mesmo assim, mais de 60 mil pessoas morreram na região nordeste, a mais moderna da China, o que representou uma das maiores epidemias do mundo na época.
Quando a doença foi controlada, o governo chinês convocou a Conferência Internacional da Peste na cidade de Shenyang, no norte do país, perto do epicentro do surto. Estiveram presentes virologistas, bacteriologistas, epidemiologistas e especialistas em doenças de muitas das principais potências do mundo, como Estados Unidos, Japão, Rússia, Reino Unido e França.
O objetivo da conferência foi descobrir a causa do surto, aprender quais técnicas de supressão eram mais eficazes, entender por que a doença se espalhou tão rapidamente e avaliar o que poderia ser feito para evitar uma segunda onda. Embora a conferência não tenha acontecido sem apontar o dedo para os culpados, ela foi, sobretudo, uma tentativa genuína de aprender com o ocorrido.
Como o mundo enfrenta agora uma pandemia caracterizada pela falta de uma resposta coordenada globalmente e de um esforço multilateral por parte dos líderes políticos, vale a pena reconsiderar os aspectos colaborativos da conferência de 1911 no nordeste da China.
Hoje, a Organização Mundial da Saúde (OMS) parece comprometida, o vírus ganhou contornos raciais, as principais nações estão furiosas umas com as outras e competem por recursos e controle da narrativa, enquanto os países mais pobres ficam em grande parte por conta própria. Comparado a 1911, parecemos um mundo polarizado e dividido.
Wu foi o primeiro estudante de medicina de ascendência chinesa a estudar na Universidade de Cambridge. (Wu Lien-Teh, 2014. Plague Fighter: The Autobiography of a Modern Chinese Physician. Penang: Areca Books)
Ele também foi o primeiro malaio indicado para o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina, em 1935.
Cinco epidemias que ajudaram a mudar o rumo da história
A Peste bubônica (causada pela bactéria Yersinia pestis) no século 14 e a ascensão da Europa Ocidental
A praga que atingiu a Europa por volta de 1350 foi aterrorizante e matou cerca de um terço da população, mas analistas dizem que pode ter ajudado a região a se desenvolver
A enorme mortalidade causou escassez de mão de obra para os proprietários de terras, fazendo com que o sistema velho sistema feudal, que forçava pessoas a trabalhar nas terras de um senhor para pagar seu aluguel, começasse a desmoronar.
Isso levou a Europa Ocidental a desenvolver uma economia mais moderna, comercializada e baseada em dinheiro.
Mortes por varíola (causada por uma de duas estirpes do vírus da varíola – variola major e variola minor) nas Américas e mudanças climáticas
A colonização das Américas no final do século 15 matou tantas pessoas que pode ter alterado o clima mundial.
Um estudo feito por cientistas da University College London, no Reino Unido, descobriu que a expansão europeia viu a população da região cair de 60 milhões de pessoas (cerca de 10% da população mundial na época) para apenas 5 ou 6 milhões em cem anos.
Muitas dessas mortes foram causadas por doenças introduzidas pelos colonizadores.
O maior assassino foi a varíola. Outras doenças mortais incluíam sarampo, gripe, peste bubônica, malária, difteria, tifo e cólera.
Além da perda catastrófica de vidas e do terrível sofrimento humano na região, houve consequências para o mundo inteiro.
Febre Amarela (doença viral aguda causada pelo vírus da febre amarela) e revolta do Haiti contra a França
Um surto de doença no Haiti ajudou a empurrar a França para fora da América do Norte, e houve um rápido aumento no tamanho e força dos Estados Unidos.
Em 1801, após várias revoltas de escravos contra as potências coloniais europeias, o líder Toussaint Louverture governava o Haiti com o aval da França.
No entanto, depois o líder francês Napoleão Bonaparte se declarou cônsul vitalício. Ele decidiu assumir o controle total da ilha e enviar dezenas de milhares de tropas para tomá-la à força.
No campo de batalha, tiveram bastante sucesso.
Peste bovina africana e expansão colonial na África
Uma doença mortal que afeta os animais ajudou a acelerar a colonização europeia na África.
Esse não foi um surto que matou pessoas diretamente, mas um surto que matou animais.
Entre 1888 e 1897, o vírus da peste bovina matou 90% do gado africano, com comunidades devastadas no Sudeste da África, na África Ocidental e no Sudoeste do continente.
A perda de rebanho levou à fome, a um colapso na sociedade e à migração de refugiados que deixaram áreas afetadas.
Peste Negra (também conhecida como Grande Peste, Peste ou Praga) e a queda da dinastia Ming na China
A dinastia Ming governou a China por quase três séculos, durante os quais exerceu uma enorme influência cultural e política sobre grande parte do leste da Ásia.
Mas tudo isso teve um fim catastrófico, em parte devido a um surto.
Uma grande epidemia chegou ao norte da China em 1641, trazendo uma terrível quantidade de mortes. Em algumas áreas, de 20% a 40% da população morreu.
A praga atingiu a região ao mesmo tempo que uma seca e enxames de gafanhotos.
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